Microbiota intestinal e a sua relação com obesidade


Recentemente têm-se atribuído a composição da microbiota intestinal a fatores ambientais para o controle do peso corporal.

A microbiota intestinal humana é composta de mais de 100 trilhões de bactérias em relação de simbiose com o organismo. Ela contribui para o metabolismo de forma geral, exercendo importante função em converter o alimento em nutrientes e energia.

Ao nascimento, o trato intestinal é estéril e a colonização da microbiota acontecerá de acordo com o tipo de parto (normal ou cesárea), a alimentação (aleitamento materno exclusivo ou artificial precoce) e pelas medidas de higiene. Aos quatro anos de idade a microbiota intestinal já atingiu sua maturidade e com o tempo ela pode ser modificada por fatores ambientais como antibioticoterapia, dieta e procedimentos cirúrgicos.

Mais de 90% dessa composição bacteriana são representados por Bacterioides e Firmicutes.

A composição da microbiota intestinal tem grande impacto no ser humano, interferindo na expressão genética, no sistema imunológico, no risco de doenças crônicas e graves, desde diabetes mellitus até neoplasias gastrintestinais.

O desequilíbrio gera supercrescimento bacteriano, produção de toxinas e aumento da permeabilidade intestinal, que resultam em alterações imunológicas e hormonais. Assim, hábitos de vida como dieta, estresse e uso de antibióticos fazem com que a microbiota transitória prevaleça sobre a residente, predispondo a distúrbios gastrintestinais.

As obesas apresentaram elevada taxa de Firmicutes e maior relação entre Firmicutes e Bacterioides na comparação com as magras.

A alimentação é o principal fator modulador da composição da microbiota intestinal. Assim, alimentos com elevados teores de gorduras saturadas e poli-insaturadas criam um ambiente propício para seleção das bactérias do filo Firmicutes.

A ingestão de frutas e hortaliças, por sua vez, resulta em aumento da produção de derivados da fermentação de carboidratos que criam um ambiente desfavorável para a proliferação de Firmicutes, favorecendo a proliferação de bactérias de outros filos. Desta forma, a microbiota intestinal pode se adaptar rapidamente à disponibilidade de um nutriente específico, produzindo diferentes respostas metabólicas no indivíduo.

Fonte: ANDRADE VLA ET AL. OBESIDADE E MICROBIOTA INTESTINAL. REV MED MINAS GERAIS.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

Imagem: istock

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